“Memória do passado é herança a agradecer, a conservar e a valorizar”

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Os primórdios de Quitandinha.


Os primórdios de Quitandinha.

          Havia um caminho que de Curitiba, passando por São José e pelos campos de Ambrósio, descia a Serra do Mar e atingia a região de São Francisco, conhecido por caminho de Ambrósio ou dos Ambrósios.
          Já há algum tempo o governo desejava abrir um outro caminho, que ligasse os campos de Curitiba com o Rio Grande de São Pedro. Saindo do Morro dos Conventos (Araranguá) no dia 11 de fevereiro de 1728, o sargento-mor, Francisco de Souza e Faria, chegou nos Campos Gerais em 8 de setembro de 1730, abrindo o caminho entre o sul e os campos da vila de Curitiba. O motivo da demora foi que ele estava mais interessado em encontrar ouro, baseado em mapa e roteiro de Zacarias Dias Cortes que levava.
          Cristovão Pereira de Abreu nasceu em 1680 em Ponte de Lima e veio jovem para o Brasil. Desde 1702 já negociava com couros na Colônia do Sacramento. Em 1722 passou a exercer também a atividade de tropeiro, conduzindo gado em pé e cavalhadas do pampa para Laguna. Talvez sabendo de abertura de caminho, saiu da Colônia do Sacramento com 800 cavalgaduras suas, entre cavalos e bestas muares, e chegou a Araranguá no fim de outubro de 1731 e passando à parte do norte achou várias pessoas com grande número de animais para entrarem no caminho aberto por Souza Faria, mas nenhum se animava a enfrentá-lo, entre outros motivos por vozes que corriam de haver gentio dos padres em cima da serra, e então resolveu em pessoa examinar, levando consigo três pessoas e chegando acima demorou dois dias sem ver mais que campos e gados; voltando da diligência deixou a tropa da banda do norte e passou a Santos e São Paulo a falar com o governador da capitania e buscar novas providências de gente, armas, ferramentas e munições, e voltou a Araranguá e entrou com um piloto e sessenta e tantas pessoas para melhorar o caminho, e feita essa diligência mandou marchar as tropas, com perto de 3000 cavalgaduras, 130 pessoas, e colheu perto de 500 vacas nos campos de cima da serra e, fazendo estivas, canoas, pontes, após treze meses da sua diligência, chegou aos campos da Vila de Curitiba (em novembro de 1732), dizendo que após o que ele fizera, gastando os ditos treze meses, em menos de um mês escoteira se poderia passar. Esta foi a primeira tropa que abriu o ciclo do tropeirismo, que por mais de cento e cinquenta anos foi o motivo de progresso dos Campos Gerais. Cristóvão também abriu uma ligação entre os campo dos Curitibanos e Santo Antônio da Patrulha, evitando o itinerário pelo Morro dos Conventos. O caminho passava pelo Campo do Tenente e não por Quitandinha.
          O município de Quitandinha está localizado entre os dois caminhos, sem dúvida, os seus primeiros povoadores provieram da região da Lapa, cidade ou núcleo populacional mais próximo, tanto via terrestre como fluvial pelo rio da Várzea.
          Sabe-se que a Câmara Municipal da Vila Príncipe solicitou a abertura de um caminho que ligasse aquele povoado à região de Areia Branca.
          Conta a historiadora Selene do Amaral Di Lenna Esperandio, neta de Serafim Brabo, em seu livro Quem Somos?(pág.n°14), que seu avô comprou, no quarteirão do Bairro Branco, uma pequena propriedade que denominou São Gabriel e, aos poucos, foi comprando outras áreas, totalizando 500 alqueires.
          Serafim Ferreira de Oliveira e Silva, alcunhado de Serafim Brabo, comprou, em 1889, a fazenda Sant’ Ana do Herval e ali fundou um engenho de beneficiamento de erva-mate (esta é a casa velha da Lagoa Verde).
          Serafim Brabo trabalhou com afinco na construção de estradas ligando Areia Branca a Curitiba. Paralelamente, serafim Brabo construiu, com verbas imperiais, estradas que ligaram Lapa, Ponte Nova, Ribeirão Vermelho, Rio dos Patos. Serafim Brabo era o pai de Juca Amaral, Vítor Ferreira do Amaral e Otávio Ferreira do Amaral, cidadãos de destaque na política paranaense. Em l880, foi feito a pedido de Serafim Brabo, o primeiro alistamento eleitoral em Areia Branca. Eram considerados eleitores quem possuísse renda superior a duzentos mil réis. Poderia ser candidato eletivo quem tivesse renda comprovada a quatrocentos mil réis.
          O Capitão Serafim Ferreira de Oliveira e Silva, também conhecido por Serafim Brabo, foi proprietário de terras na região conforme vemos nos livros do cadastro de terras referentes ao artigo 100 e seguintes do Decreto n°1 de 8 de abril de 1893. Assim, possuía na Lapa o imóvel Sant’ Ana do Herval, bairro da Lagoa Verde, com 80 alqueires cultivados com erva-mate e 60 alqueires incultos contendo casa, engenho de soque de erva mate, mangueiras, potreiros e lavouras, banhado pelos rio da Várzea, ribeirão do Engenho e Salso, servindo pelo caminho que ia para a Areia Branca e Curitiba, distante nove léguas desta ultima. Entre suas confrontações encontramos: rio da Várgea; ribeirão do Engenho; Estilhano José da Rocha; Manuel Domingues de Matos e seus herdeiros; João de Deus Rocha; ribeirão do monjolo do mesmo Rocha; ribeirão do tanque de Manuel de Matos; ribeirão Salso. Serafim possuía também o imóvel São Gabriel, bairro do Barro Branco, com 150 alqueires cultivados de erva mate e 30 incultos, contendo casas, mangueiras, potreiros, etc., banhado pelos rio Da Várzea, Pocinho e outros, servindo pela estrada que ia do barro Branco para Areia Branca e Cerro Verde, distante 10 léguas de Curitiba. Entre suas confrontações encontramos: ribeirão do moinho; rio da Várzea; herdeiros de Francisco Xavier da Silveira; Pedro Ferreira; Francisco Batista; córrego da Marreca; José Francisco de Siqueira; João Stinglin; os Ribeiros; Antônio Cordeiro; herdeiros de Manuel Marinho; herdeiros de Joaquim Sant’ Ana; Miguel Ribeiro do Vale; Sebastião Ferreira; ribeirão da Pedra Vermelha; ribeirão do monjolo de João Saldanha; arroio Passo-ruim; Manuel Domingues de Matos e seus herdeiros; Antônio Soares Fragoso; Gertrudes Ferreira de Jesus; sanga do paiol da mesma; João Francisco de Siqueira; Pedro dos Santos.
          O Decreto Estadual n° 243 de 2 de julho de 1902 criou o termo Lapa um distrito policial com a denominação Areia Branca, fixando também seus limites, que foram ratificados depois pelo Decreto n° 281 de 8 de agosto de 1902.

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